domingo, 14 de setembro de 2008

Crônica do AMOR - Arnaldo Jabor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.
O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.
Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.
Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?
Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.
Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.
Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?
Não pergunte pra mim você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.
É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.
Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.
Não funciona assim.
Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.
Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!
Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.
(Fica a dica do momento...)

sábado, 14 de junho de 2008

Relações


São em dias como o de hoje, e como muitos outros que já tive, que olhamos para trás e lembrando de momentos bons e ruins, percebemos a importância das relações em nossas vidas.

É impossível viver sem a companhia de outros. É realmente complexo lidar com a solidão.

Minha vida nunca foi o que se chama de "uma vida agitada". Não sou do tipo que tem muitas histórias para contar. Sou apenas mais uma no meio de muitos, que passam seus finais de semana, jogada em posição fetal no sofá de casa sob o domínio de uma tv por assinatura, ou em frente a uma máquina com tela plana e acesso a banda larga, mais uma aquisição que só contribui mais para o isolamento pessoal.

Orkut e Messenger, são ferramentas muito angustiantes, e a tecla F5 nem sempre é uma válvula de escape.

Um álbum com mais de 100 fotos não é sinonimo de muitos feitos. Apenas uma maneira de mostrar aos outros que não se é só o tempo todo.

Em "Retratos de uma obsessão", Sy reflete sobre o significado de uma fotografia: quem registra um determinado momento (uma festa, um grupo de amigos, uma pessoa em especial) é porque de alguma maneira quer levar aquilo para a vida toda. Quer tornar aquele momento imortal.

Revisando fotos digitais salvas em meu HD, me deparo com rostos que não vejo a muito tempo, pessoas com quem nunca mais falei, pessoas que passaram na minha vida e que deixaram marcas nem sempre tão boas, nem lembranças tão desejadas. Mas que no momento do retrato concerteza faziam a diferença na minha vida. Onde estão todas elas agora? Será que estão felizes? Será que sentem minha falta? Será que eu estou feliz com minha vida atual? O que é ser feliz? A felicidade existe ou é apenas uma denominação de algo subjetivo que nós, mortais, criamos para se ter uma razão de existência.

Hoje, agora, o significado de felicidade não me é muito claro, talvez porque coisas que considero fundamentais em minha vida estão um pouco fora do meu alcance.

Pessoas que amo estão longe. Amizades sinceras estão abaladas. Queria gritar para o mundo e pedir SOCORRO. "A felicidade está dentro de nós... puta merda, eu sou tão desorganizada que não encontrando".

Não entenda que estou infeliz. Não é bem esta a situação. Mas me faltam temperos fundamentais.

Peço socorro para encontrar tais iguarias. Algumas pessoas são raras, sei disso porque já as encontrei. Preciso apenas mantê-las. Putz, como é difícil. Não me abandone (isto é sim um desabafo).

Talvez o conteúdo não seja exatamente o que me propus a escrever no título do post, mas é concerteza uma associação livre e sincera.


See u...